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quarta-feira, 29 de junho de 2011

O êxtase de Santa Teresa

1645-1652, nicho em mármore e bronze dourado
Capela Cornaro, Igreja de Santa Maria da Vitória, Roma 


Teresa de Cepeda e Ahumada nasceu de uma família rica da Espanha. Viveu no século 16, a época austera e intolerante da Santa Inquisição.  Ainda muito jovem, decidiu seguir a vida religiosa, mas teve que contrariar  a família para conseguir o que queria. Chegou a fugir de casa e se esconder num convento. Mais tarde, já noviça, contraiu uma doença e quase morreu. Foi depois da recuperação que começou a ter as visões de Cristo, que aprofundaram sua vocação mística e inspiraram sua produção literária. Em 1562 fundou o convento das Carmelitas descalças,  que pretendia recuperar o carater de austeridade da ordem do Carmelo. E, a partir daí, ajudou a difundir a nova congregação por diversas cidades da Espanha. Morreu em 1582, aos 67 anos e foi canonizada em 1622. Em 1970, a Igreja concedeu à Santa o título de Doutora, por sua vasta obra teológica. Foi a primeira mulher a receber a homenagem e a figurar ao lado de São Tomás de Aquino, Santo Agostinho e outros mestres santos das letras.

“O Êxtase de Santa Tereza”, é a obra prima de Bernini e marca o auge do estilo barroco. Ele chegou a construir uma capela como cenário para expo-la, incluindo balcões pintados nas paredes, cheios de “espectadores” em relevo.
Enquanto viveu,   Santa Tereza tinha visões e ouvia vozes, acreditando que havia sido trespassada pelo dardo de um anjo, que lhe infundiu o amor divino. Ela descrevia sua experiência mística em termos que beiravam o erótico. “A dor foi tão grande que gritei; mas ao mesmo tempo senti uma doçura tão infinita que desejei que a dor durasse para sempre.”

A escultura de Bernini, em mármore, representa a santa desfalecida numa nuvem, expressando na face uma mistura de êxtase e exaustão. Como a Igreja da Contra-Reforma sublinhava a importância de seus membros reviverem a Paixão de Cristo, Bernini tentava induzir os fiéis a uma intensa experiência religiosa, lançando mão de todos os artifícios operísticos para criar um ambiente totalmente artístico na capela. A santa e o anjo parecem flutuar nas ondulações das nuvens, banhados por raios dourados que jorram de uma abóbada celeste pintada no teto da capela. O virtuosismo do artista com a textura faz a “carne” do mármore branco parecer estremecer de vida, e igualmente convincentes  são as plumas das asas do anjo e a inconsistência das nuvens. Todo o altar palpita de emoção, drama e paixão.


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