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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bernini


O maior escultor do século XVII e também um extraordinário arquiteto.
Nasceu em Nápoles, 7 de Dezembro de 1598.
Morreu em Roma, em 1680.



Bernini começou sua vida artística com o pai, Pietro Bernini, um escultor de talento de Florença que foi trabalhar para Roma. O trabalho do jovem foi notado pelo pintor Annibale Carracci, começando desde logo a trabalhar para o papa Paulo V, o que lhe facilitou a sua independência. 
Influenciado pela escultura Grega e Romana em mármore, que conheceu nas coleções do Vaticano, também conhecia bem a pintura renascentista de princípios do séc. XVI. 


Foi para seu primeiro patrono (o cardeal Borghese) que Bernini esculpiu os seus primeiros grupos escultóricos como o Eneias, Plutão e Proserpina e David. Com estas obras, Bernini cortou com a tradição de Miguel Ângelo, criando um novo período na história da escultura da Europa ocidental.


Eneias

Plutão e Proserpina

David


Com a eleição de Urbano VIII, Bernini passou a trabalhar muito intensamente, passando também a trabalhar em pintura e a fazer arquitetura a pedido do papa.
As obras mais espectaculares de Bernini foram realizadas entre os anos 40 e os anos 60 do século XVII. É a Fonte dos Quatro Rios na Piazza Navona de Roma, realizada entre 1648 e 1651; o Êxtase de Santa Teresa (1645-1652), que mais do que uma escultura é uma cena realizada por meio da escultura, da pintura e da iluminação.

Fonte dos Quatro Rios


Êxtase de Santa Teresa


Seu último grande trabalho foi a simples Capela Altieri na Igreja de São Francisco a Ripa, de 1674, em que a arquitetura, a escultura e a pintura têm cada uma objetivos separados e bem claros.



Bernini morreu aos 81 anos, tendo servido oito papas, e sendo considerado pelos seus contemporâneos, não só o maior artista europeu, como uma dos suas mais importantes personalidades. Foi o último dos gênios de valor universal nascidos na Itália, e ajudou a criar o último estilo italiano a tornar-se uma norma internacional.

Apolo e Dafne

Apolo e Dafne é uma das esculturas mais famosas de Bernini. A escultura encontra-se em Roma.

Bernini soube como transformar o mármore rígido em feições delicadas e em pura ação e movimento, trazendo ao observador toda a tragédia do momento e a experiência do ato. O modo desesperado com o qual Dafne tenta fugir de um Apolo alucinado e como a cena é captada no exato momento em que a ninfa se transforma em um loureiro para ser protegida.



Apolo era o mais belo dos deuses, senhor das artes, música e medicina. Sabendo de seus enormes predicados, Apolo se vangloriou dizendo para Cupido, o pequeno deus do amor, que suas flechas eram mais poderosas do que aquelas do pequeno deus. Cupido disse-lhe que as flechas de Apolo eram poderosas, pois podiam ferir a todos, porém as dele eram mais, pois podiam ferir até mesmo o próprio deus Apolo, esse não acreditou e riu de Cupido. 

Cupido então lançou uma flecha com ouro na ponta, no coração de Apolo, gerando a paixão dele pela moça Dafne, uma bela ninfa, filha do rio-deus Peneu. Em Dafne, Cupido lançou uma flecha com chumbo na ponta, gerando a repulsão por Apolo. O deus apaixonado perseguia sua amada e essa fugia dele o quanto podia, até que ela pediu a seu pai para que lhe ajudasse e mudasse sua forma. Peneu atendeu ao pedido de Dafne e a transformou em uma planta – o loureiro. Apolo chorou por ter perdido sua paixão e disse que a levaria para sempre consigo, por isso, desde então, o loureiro acompanhou o deus Apolo tornando seu símbolo por todo o sempre.



O Rapto de Proserpina


Rapto de Proserpina é uma escultura de Bernini, considerado um dos maiores artistas do século XVII, tendo seu trabalho quase todo centrado na cidade de Roma.


O mito romano do rapto de Proserpina por Plutão é uma lenda que também aparece na cultura grega, onde Plutão se chama Hades e Proserpina é Perséfone, que encantou o obscuro deus com sua beleza, filha da deusa das colheitas Deméter. Ela é então raptada e levada para as profundezas da terra, deixando sua mãe enfurecida. O rapto fez com que Deméter castigasse o mundo, arrasando com as plantações, entregando o mundo ao caos e à fome. Conta-se que Perséfone não podia comer nada que lhe fosse oferecido ou ela nunca mais voltaria para casa. Enquanto Zeus tentava convencer Plutão a liberar a moça, Perséfone comeu algumas sementes de romã, selando o seu destino. Assim, ela se viu obrigada a casar com Plutão, o que deixou Deméter ainda mais furiosa.


Zeus teria então interferido. Perséfone passaria metade do ano com o marido e a outra almetade com a mãe. Dessa maneira, Deméter aceitou e assim os gregos explicavam as épocas do ano. Quando era verão e primavera, sua filha estava ao seu lado. No inverno e no outono, épocas frias, sem colheitas, Perséfone estava com o marido.


A obra encontra-se na Galleria Borghese, em Roma.

O êxtase de Santa Teresa

1645-1652, nicho em mármore e bronze dourado
Capela Cornaro, Igreja de Santa Maria da Vitória, Roma 


Teresa de Cepeda e Ahumada nasceu de uma família rica da Espanha. Viveu no século 16, a época austera e intolerante da Santa Inquisição.  Ainda muito jovem, decidiu seguir a vida religiosa, mas teve que contrariar  a família para conseguir o que queria. Chegou a fugir de casa e se esconder num convento. Mais tarde, já noviça, contraiu uma doença e quase morreu. Foi depois da recuperação que começou a ter as visões de Cristo, que aprofundaram sua vocação mística e inspiraram sua produção literária. Em 1562 fundou o convento das Carmelitas descalças,  que pretendia recuperar o carater de austeridade da ordem do Carmelo. E, a partir daí, ajudou a difundir a nova congregação por diversas cidades da Espanha. Morreu em 1582, aos 67 anos e foi canonizada em 1622. Em 1970, a Igreja concedeu à Santa o título de Doutora, por sua vasta obra teológica. Foi a primeira mulher a receber a homenagem e a figurar ao lado de São Tomás de Aquino, Santo Agostinho e outros mestres santos das letras.

“O Êxtase de Santa Tereza”, é a obra prima de Bernini e marca o auge do estilo barroco. Ele chegou a construir uma capela como cenário para expo-la, incluindo balcões pintados nas paredes, cheios de “espectadores” em relevo.
Enquanto viveu,   Santa Tereza tinha visões e ouvia vozes, acreditando que havia sido trespassada pelo dardo de um anjo, que lhe infundiu o amor divino. Ela descrevia sua experiência mística em termos que beiravam o erótico. “A dor foi tão grande que gritei; mas ao mesmo tempo senti uma doçura tão infinita que desejei que a dor durasse para sempre.”

A escultura de Bernini, em mármore, representa a santa desfalecida numa nuvem, expressando na face uma mistura de êxtase e exaustão. Como a Igreja da Contra-Reforma sublinhava a importância de seus membros reviverem a Paixão de Cristo, Bernini tentava induzir os fiéis a uma intensa experiência religiosa, lançando mão de todos os artifícios operísticos para criar um ambiente totalmente artístico na capela. A santa e o anjo parecem flutuar nas ondulações das nuvens, banhados por raios dourados que jorram de uma abóbada celeste pintada no teto da capela. O virtuosismo do artista com a textura faz a “carne” do mármore branco parecer estremecer de vida, e igualmente convincentes  são as plumas das asas do anjo e a inconsistência das nuvens. Todo o altar palpita de emoção, drama e paixão.